Prezado senador Cristovam,
Senador, hoje, percebe-se que tudo que estamos vendo de imoralidade parte dessa e da vizinha Casa legislativa. Então, senador, de que adianta lavar a cozinha do outro, se é a vossa imundice que está escorrendo para o quintal alheio? Como é que os senhores podem desfraldar uma flâmula da moralidade suprapartidária se os senhores se apropriam de dois salários anuais a titulo de ressarcimento de despesas com mudança e transporte para o exercício anual do mandato? E, principalmente, quando isso é extensivo aos congressistas do Distrito Federal? Será que essa bandeira não está queimando nas vossas mãos?
Mas, admitindo-se que os senhores aprovem o projeto 71/ 2011 da senadora Gleisi acabando com isso, como é que vão acabar com o nepotismo cruzado, de bico e carpado que transformou o Executivo na agência de empregos familiar do senador Magno Malta, cujo irmão pastor transformou-se no Office Boy mais bem remunerado do mundo? Como impedir que o senador Eunício, presidente de Comissão de Constituição e Justiça, tenha uma empresa que assina contratos sem licitação com a Petrobrás? Como, se todos eles alegam, e há quem acredite, que trabalham em benefício do país?
Senador, esqueça essas bandeiras momentâneas que só servem para mantê-los na mídia da moralidade e partam para algo realmente produtivo. Esqueçam do nepotismo porque o povo do pastoreio é bem capaz de mudar as certidões de nascimento da prole e dos agregados. Esqueçam as empresas de congressistas porque elas mudam de mãos e de laranjas como em fim de feira. Voltem-se para o judiciário, pois as Leis já estão postas, basta cumpri-las com celeridade, nada mais. Mesmo não podendo mais encarcerar os indiciados, é possível deixa-los aguardando o julgamento em liberdade, mas cumprindo penas sociais. Imagine, senador, um colarinho branco ou uma salto alto lavando banheiros públicos oito horas por dia de terno e gravata ou salto 18 e saia justa? Vai pensar duas vezes antes de meter a mão na merda, se vai!
Senador, é claro que a cena é irreal, mas entenda que a solução só depende do Judiciário.
A bandeira da moralidade só pode ser desfraldada lá, no outro lado da Praça do Três Poderes. Isto, quando os ministros do notório saber jurídico não mais forem alçados ao Supremo pelas mãos do Executivo e com o vosso beneplácito.
Abraços,
Maltez
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